Cientistas criam por acidente camundongo com seis patas e sem órgãos genitais
Descoberta em Portugal pode ter impacto no estudo do processo do câncer metastático
Por Fernando Moreira
Foto: Reprodução/Nature Communications
Cientistas do Instituto Gulbenkian de Ciência, em Oeiras (Portugal), criaram acidentalmente um embrião de camundongo com seis patas e sem órgãos genitais, revelando como as alterações no DNA podem ter grandes impactos no desenvolvimento.
A equipe liderada pelo biólogo do desenvolvimento Moisés Mallo estava investigando como funciona uma determinada proteína durante uma das fases do crescimento do embrião.
Os embriões começam apenas como um feixe de células idênticas. À medida que se desenvolvem, as células se especializam e começam a formar diferentes partes do corpo, geralmente começando na cabeça e voltando em direção à cauda. Até os humanos têm cauda nos primeiros dias, mas ela desaparece por volta de oito semanas.
Os cientistas já sabiam que, na maioria dos mamíferos de quatro membros, tanto a genitália externa (o pênis ou o clitóris) como os membros posteriores se desenvolvem a partir das mesmas estruturas iniciais.
A equipe se concentrou numa proteína receptora específica, a Tgfbr1. A proteína, oficialmente chamada de receptor I do fator de crescimento transformador beta, está envolvida na expressão de genes – basicamente, ajudando a decidir quais deles serão ativados e onde, decidindo o que cada célula deve se tornar, por exemplo, uma célula sanguínea, um tecido muscular ou uma célula nervosa.
Os pesquisadores inativaram o Tgfbr1 em embriões de camundongos aproximadamente na metade do desenvolvimento para ver como isso afetava o desenvolvimento da medula espinhal. O resultado surpreendeu: um embrião que desenvolveu membros extras em vez de órgãos genitais, com vários órgãos crescendo fora do corpo.
Os cientistas acreditam que, sem essa proteína, outros genes entraram em ação, dizendo às células para se transformarem em pernas em vez de genitais.
Agora, a equipe espera estudar se o Tgfbr1 e os seus parentes podem afetar o DNA em outros sistemas, como o câncer metastático, informaram os cientistas no relato do caso publicado na revista "Nature Communications".
fonte:https://extra.globo.com/
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