segunda-feira, 20 de maio de 2024

Atriz trans de ‘No Rancho Fundo’, Isis Broken fala do filho que teve com o marido, um homem trans:‘Existe um tabu’ 

No Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia, a artista sergipana celebra conquista de espaço na TV: 'Não quero simplesmente fazer uma novela e nunca mais aparecer' 

Por Zean Bravo


 Foto: Fábio Rocha/Rede Globo e Reprodução/Instagram

Nesta sexta-feira (17), no Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia, a atriz e cantora sergipana Isis Broken celebra seu primeiro papel numa novela. No ar em “No Rancho Fundo” como a lojista Corina Castello — cuja identidade de gênero não é mencionada na trama — a artista trans fala sobre a conquista de espaço na TV. Na entrevista a seguir, ela conta como é ser mãe de Apolo, de 2 anos, e lamenta o preconceito que sua família enfrenta.

O que este trabalho na novela representa pra você?

Estou recebendo muitas mensagens de carinho das pessoas dizendo o quanto a Corina é revolucionária. Ela caiu como uma luva perfeita.

Como é pra você ajudar a combater a transfobia por meio do seu trabalho? Qual é a importância deste momento de maior visibilidade trans na TV?

Ser uma das representantes dos corpos trans é extremamente significativo, especialmente neste momento histórico para a TV brasileira. Ver corpos trans em todos os horários das novelas está contribuindo para um ajuste social muito necessário. É fundamental que atores e atrizes trans tenham oportunidades de interpretar papéis que não se limitem a narrativas trans, ampliando a representação e potencializando nossa presença na mídia. Estamos hackeando novos espaços, mas é preciso entender que não é só passar por lá, e sim permanecer nesses espaços. Não quero simplesmente fazer uma novela e nunca mais aparecer.

Você sempre quis ser mãe? Como foi essa decisão para você e seu marido?

Não tinha passado isso na minha cabeça. Eu e meu esposo tínhamos acabado de começar a nos relacionar. Ele é um homem trans, e existe um certo tabu com homens trans. Acham que eles não podem engravidar, devido aos hormônios. Porém, acabou acontecendo. E foi um grande presente para nós. O nascimento de Apolo também levantou um debate sobre os corpos trans não estarem limitados àquilo que a sociedade impõe.

Como o nascimento de Apolo mudou a sua vida?

A minha vida e a do meu marido mudou completamente. Mas somos gratos e felizes. Dessa união, surgiu um amor, um carinho inexplicável pelo nosso bebê. Além de novos aprendizados como mãe e pai, e um novo gás para lutar por um mundo mais livre e representativo.

A sua família ainda enfrenta algum tipo de preconceito?

Infelizmente, ainda não podemos dizer que pessoas trans ou a comunidade LGBTQIAP+ não sofrem preconceito. As doses de discriminação podem ser diárias quando se vive numa sociedade machista, racista e transfóbica.

fonte:https://extra.globo.com/

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