sexta-feira, 17 de maio de 2024

No Dia da Faxineira, brasileira famosa na web por limpar casas nos EUA cita humilhações: 'Chamada de estúpida' 

Hoje Marina Benício tem projeto social para limpar casas de pessoas com transtornos mentais 

Por Carol Marques


 Foto: rep/ instagram

Há duas décadas nos Estados Unidos, Marina Benício pode dizer que já viu de tudo nas casas dos americanos. Afinal, foi na limpeza delas que construiu um futuro para sua família. A mineira de João Monlevade fez o mesmo circuito que muitos de seus conterrâneos fazem ao sair do Brasil em busca de melhores condições de vida e começou pela faxina.

No Dia da Faxineira, ela relembra o início de sua trajetória e as humilhações pelas quais passou. "Já fui camada de estúpida por uma chefe que odiava imigrantes", conta ela, que foi para os EUA se falar uma palavra de inglês.

Hoje a realidade de Marina é muito diferente. Com quase 500 mil seguidores no Instagram, ela se tornou influenciadora e já não precisa mais limpar banheiro. Mas ainda assim o faz. A mineira tem um projeto social que visa limpar de graça a casa de pessoas com transtornos mentais, como acumuladores, em geral. O próximo passo dela é fazer o projeto crescer no Brasil.

"Estamos reformando toda a casa de uma família que precisava muito em João Monlevade, onde eu cresci. E estamos procurando assistência psicológica e ajuda para eles deixem de vez o alcoolismo. O projeto nunca foi e nunca será só uma limpeza ou só uma reforma. É resgate da dignidade'.

Por que decidiu ir para os EUA ser faxineira?

Nunca me passou pela cabeça vir para os Estados Unidos ser faxineira. Na verdade, nunca tinha me passado na cabeça ir para os Estados Unidos de forma alguma. Mas eu conheci meu marido em uma sala de bate-papo online, ele estava aqui, então eu vim. No Brasil, eu trabalhava como secretária em uma loja de vidros e esquadrias de alumínio, e eu ganhava R$ 500,00 por mês ( um salário mínimo na época ). Cheguei nos Estados Unidos ganhando US$ 350 por semana.

Quais as maiores humilhações que você passou sendo imigrante e faxineira?

A primeira humilhação foi trabalhando em um hotel. Eu limpava 16 quartos por dia, e a supervisora não gostava de imigrantes. Em um determinado dia, ela resolveu me ensinar a limpar um quarto, eu não falava inglês naquela época, ela precisava que eu pegasse a vassoura e eu não entendia o que ela estava me pedindo> Ela pegou a vassoura, olhou para mim e me chamou de estúpida. Já me ofereceram trabalho e na hora de receber não queriam pagar porque eu não falava inglês, já riram de mim... Mas tudo isso serviu de lição e me deu força para aprender a falar a língua. Na faxina, uma vez estava limpando uma casa e tinha uma televisão na garagem. O senhor, dono da casa, era extremamente mal-educado. Eu perguntei se ele iria vender aquela televisão, porque eu precisava de uma. Ele olhou para minha cara e disse que eu não teria dinheiro para comprar uma televisão daquelas.

Depois de duas décadas nos EUA você ainda precisa limpar banheiros? Como é sua vida agora?

Ainda não sou cidadã americana, e realmente não preciso mais limpar banheiros para colocar dinheiro em casa. Mas eu nunca vi meu trabalho como uma simples limpadora de banheiro, eu sempre tive orgulho do que fazia. Afinal de contas, era um trabalho honesto que pagava minhas contas. Eu sempre terei orgulho da minha época de faxineira. Hoje, minha vida é bem diferente, e eu continuo limpando, sim, mas agora de graça, eu não cobro. Limpo casas de pessoas que não podem pagar pelas limpezas, tenho um projeto social, que começou aqui e agora está no Brasil também. Hoje eu sou empresária e criadora de conteúdo.

Você pensa em voltar a morar no Brasil?

Hoje eu não penso em voltar definitivamente para o Brasil. Meus filhos estão aqui, e enquanto eles precisarem de mim estarei ao lado deles.

fonte:https://extra.globo.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário