quarta-feira, 8 de maio de 2024

Susana Vieira lança biografia, rebate etarismo e fala sobre medo da morte: 'Temo deixar coisas inacabadas' 

Lançada pela Globo Livros, obra está disponível tanto na versão física (R$ 64,90) quanto em e-book (R$ 44,90) 

Por Leonardo Ribeiro — Rio de Janeiro


Foto: Wagner Carvalho/Exposição Somos Todos Artistas/Fórum de Ipanema 2018/Divulgação

Susana Vieira diz que a ideia de fazer uma biografia nunca tinha passado por sua cabeça. Mas ficou curiosa quando o escritor Mauro Alencar a procurou. O resultado da parceria chega hoje às livrarias: “Susana Vieira: senhora do meu destino” (Globo Livros). São repassados mais de 60 anos de carreira, com depoimentos da atriz cuja história se mistura à da TV no Brasil.

Os capítulos também envolvem a vida pessoal, claro. O livro começa com o impacto sentido pela artista ao descobrir a leucemia, em 2017. Por lá, se fala numa “depressão”. Na entrevista abaixo, ela prefere atualizar o termo para “estado de choque”.

Há também trechos em que Susana revisita relacionamentos. Nos amores, o fim do casamento com o primeiro marido “marca uma decepção”. O julgamento que sofreu ao namorar o ex-policial Marcelo Silva, em 2008, assim como o rebuliço da cobertura da separação na imprensa, também tem destaque. Este é o único trecho da biografia, em que Susana diz que a história “ficará entre ela e a polícia”, apesar de dar alguns detalhes. É bonito também ver reflexões da paulistana sobre a família, quando diz que gostaria de ter sido uma “avó de verdade”.

Susana se abre, sem esquecer o bom humor que a consagra. Da mesma forma, em conversa com o EXTRA, ela revê outros pontos.

Você diz que a leucemia, e depois a pandemia, a deixaram deprimida. O que faz para superar essa baqueada?

Talvez eu tenha usado o termo incorreto. Não fiquei fechada num quarto, triste, pensando na morte da bezerra. Fiquei em estado de choque. Fiquei andando pela casa. Foi bom. Passei a ter orgulho das minhas coisas. Comecei a olhar para o jardim e... Eu construí cada detalhe dessa casa onde vivo há 15 anos, mas nunca tinha olhado com esse olhar de cuidadora. Vi que precisava não só trabalhar, mas dar mais tempo para mim, para viajar, sair à noite... O susto foi no comecinho, depois pedi logo para o Miguel Falabella escrever uma peça para eu surgir maravilhosa.

No livro, você cita várias vezes o medo da morte. O que teme tanto?

Tenho medo da morte porque adoro a vida. É um clássico. A idade traz uma sensação de estar mais perto do fim. Temo não conseguir fazer tudo que quero, deixar coisas inacabadas, não visitar países... Quero rir muito ainda, fazer uma peça de Shakespeare. Sempre odiei a ideia de morrer. Quando algo me impacta, logo digo: “Meu Deus, é muito cedo”. E continuo, com 81 anos, achando que é muito cedo.

O que foi mais difícil relembrar?

Meu primeiro casamento (com o diretor Régis Cardoso). Não foi difícil de falar, mas de lembrar. Tinha me esquecido de como foi frustrante. Sofri, fui desprezada como mulher. Era uma garota, tinha 19 anos, fui mãe aos 20. Me deixou decepções. Mas eu as transformei. Não fiquei com antipatia de homem nem dizendo que todos eram iguais. Não me perguntem como fui capaz. A vida vai nos ensinando.

No livro, você cita momentos em que foi julgada...

Já fui julgada de tudo o que poderia. Cheguei no topo e estou com saúde para continuar. Não tenho mais medo. Agora, dizem no meu Instagram: “Essa velha ainda está viva?” O etarismo no Brasil é absurdo. Essas pessoas devem achar que terão 30 anos para sempre. Essa velha aqui tem histórias maravilhosas para contar, e um nome.

Você diz que gostaria de ter sido “avó de verdade”. O que significa isso?

Falo dessa avó de filmes, sentada na cadeira de balanço fazendo crochê. Aí o neto pede um bolo, e ela está sempre por perto tomando conta das crianças. Não fui essa avó nem na TV. Queria ter tido a experiência, mas aí eu seria outra pessoa. O que pude oferecer como avó foi colaborar na educação. Ajudei a pagar as melhores faculdades de Miami, e dei os valores morais, que também dei ao meu filho. Ficamos juntos nas férias, proporciono viagens boas, alegrias. Mas não participei do dia a dia. Fui feliz do jeito que fui e foi a vida que coube a nós. Rafa, o mais velho, me liga todo dia. Bruno, o menor, me chama de Susie. É a relação que temos. Íntima no coração e pensamento, mas sem muitas palavras.

Você teme ser esquecida pelo público?

Nunca pensei. Não se esqueça que sou uma diva, me acho o máximo, meus cabelos custam R$ 8 mil, tenho cinco cachorros que me amam, 130 milhões de brasileiros que me adoram. Acha que eu vou achar que meu povo vai me esquecer? (risos) Eu fiz por merecer, meu amor. Eu dou tchau desde que saio da cama até a hora em que vou dormir.

fonte:https://extra.globo.com/

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