Em Prudente, 36,14% da população pode fechar o ano com as contas no vermelho
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Índice é considerado “muito bom” por economista, em comparação com o percentual nacional, marcado em 70% de devedores do total da população brasileira
PRUDENTE - MELLINA DOMINATO de O Imparcial de Presidente Prudente
Em Presidente Prudente, 36,14% da população pode fechar o ano com as contas no vermelho, já que dados de outubro, último lançamento da Serasa Experian, revelam que 81.562 dos 225.668 habitantes, apontados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no censo demográfico de 2022, estavam inadimplentes. O valor total em dívidas chega a R$ 612.308.248,51, resultado do acumulado de 357.644 débitos. De acordo com a empresa brasileira que fornece informações e análises para decisões de crédito e apoio a negócios, o tíquete médio de dívidas por inadimplente foi de R$ 7.507,27, no décimo mês do ano. No mesmo período, o tíquete médio por dívida ficou marcado em R$ 1.712,06.
O economista Adriano Machado Santos explica que o índice de 36,14% de inadimplentes indica que a capital do oeste paulista está “muito bem”, em comparação com o percentual nacional, marcado em 70% de devedores do total da população brasileira. “A média nacional está na casa dos 70%, chegando até em 73% aí ao longo do ano, porque vem aumentando. Inclusive, a nossa média aqui é menor que a da região sudeste e também a do Estado em si, que é 47,7%”, pontua.
“Esses 36% estão muito bons. Só ficam um pouquinho acima de Santa Catarina [35,49%], que é um estado mais pujante, mais rico, e o Piauí [35,43%], ali no nordeste, que tem uma taxa de inadimplência relativamente baixa”, ainda indica o especialista no que diz respeito ao cenário prudentino em relação às unidades da federação.
Inflação e estagnação
Segundo o economista, o acúmulo de inadimplentes está associado a diversos fatores. “Mas, uma coisa que que complica bastante é, principalmente, essa escalada do preço, a inflação. É um dos elementos que, apesar de não estar aí, galopante, como esteve aí nos dois anos e meio de pandemia, a gente enxerga que esse aumento de preços está um pouquinho fora da meta. E isso desequilibra o orçamento doméstico”, destaca.
Adriano cita o exemplo de uma pessoa que tem um orçamento de R$ 2 mil de salário e um gasto de R$ 1,5 mil por mês. “A inflação vai aumentando, o gasto de R$ 1,5 mil vai para R$ 1,6 mil, R$ 1,8 mil, R$ 1,9 mil... E a renda não aumenta. Automaticamente, a pessoa fica com as finanças desequilibradas e, provavelmente, ela vai deixar alguém para trás na hora dos pagamentos. Então, esse cenário está associado a isso, principalmente, e por essa estagnação da renda, porque a renda não tem aumentado e acompanhado o mesmo ritmo da inflação”, esclarece.
Hora de planejar
Para aqueles que estão com as contas no vermelho, o economista orienta: é hora de parar e planejar. “O que é planejar? É escrever, é ter uma consciência muito clara de qual é a realidade financeira da pessoa. O quanto ela ganha e o que que ela gasta. E, dentro do que ela gasta, o que que é prioritário: saúde, supermercado, combustível, na maioria dos casos. Ou seja, o que é o principal? E ter uma clareza muito grande do que são os gastos por impulso, os supérfluos, os desnecessários”, frisa.
Além da organização, a redução ao máximo dos supérfluos, são medidas indispensáveis. “Aí é focar nos essenciais e entender se, mesmo assim, vai sobrar ou faltar. Se faltar, aí são atitudes de médio prazo, como encontrar uma renda melhor ou tentar uma mobilidade de trabalho para ganhar um pouquinho mais para que volte a encaixar essas contas e que sobre um pouquinho e, aí sim, com parte desse dinheiro, vai quitando as contas do passado”, recomenda o especialista
O uso do cartão de crédito, para quem está “enrolado”, “é um veneno”, considera Adriano. “A grande maioria da população brasileira não sabe usar o cartão de crédito. Ele acaba virando um complemento de renda ao invés de ser um instrumento para gerenciar as finanças. Então, a sugestão é abandonar totalmente o cartão de crédito e viver aí com o saldo que tem na conta”, alerta.
“Então, esses são os principais elementos para a gente ter uma gestão, um espaço para a pessoa se organizar para sair dessa situação financeira e, automaticamente, renegociar, procurar os credores, ver se existe algum desconto, alguma forma de parcelamento, mas um parcelamento que caiba no bolso, para que a pessoa possa sair dessa situação”, finaliza o economista.
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