quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Reviravolta no caso da enfermeira 'assassina em série': não houve homicídios, diz painel de especialistas

Médicos alegam que mortes em hospital na Inglaterra se deram por 'causas naturais e cuidados médicos ruins' 

Por Fernando Moreira


O parecer final de um painel com alguns dos maiores especialistas neonatais do mundo pode representar uma reviravolta no caso da enfermeira que está cumprindo 15 condenações de prisão perpétua após ser considerada culpada de matar sete bebês no Hospital Countess of Chester (Inglaterra). Para eles, não há qualquer prova de que Lucy Letby, de 35 anos, seja responsável pelas mortes, o que alimenta a esperança da defesa de um novo julgamento.

Shoo Lee, líder de um grupo que o "Metro" chama de "dream team" (equipe dos sonhos) e que reúne 14 especialistas, divulgou nesta semana o parecer final do painel:

"Não encontramos nenhum assassinato. Em todos os casos, a morte ou os ferimentos foram devidos a causas naturais ou apenas a cuidados médicos ruins. Em nossa opinião, a opinião médica, a evidência médica não apoia assassinato em nenhum desses casos, apenas causas naturais e cuidados médicos ruins."

"Não encontramos nenhum assassinato. Em todos os casos, a morte ou os ferimentos foram devidos a causas naturais ou apenas a cuidados médicos ruins. Em nossa opinião, a opinião médica, a evidência médica não apoia assassinato em nenhum desses casos, apenas causas naturais e cuidados médicos ruins."

Depois de ser informado de que Dewi Evans, o principal especialista médico apresentado pela Promotoria no julgamento de Lucy, não havia publicado nada, Lee disse:

"Se você olhar para este painel, provavelmente há cerca de 500 anos de experiência. Essas pessoas, esses são os chefes de unidades das principais instituições do mundo. Então, eu confiaria no julgamento deles."

Questionado sobre o motivo de querer se envolver no caso, Lee respondeu:

"É sobre a vida de uma jovem mulher. Todas as nossas vidas são preciosas. Não poderíamos mandar uma mulher inocente para a cadeia pelo resto da vida se de fato ela fosse inocente. Então decidi investigar e foi quando abordei os advogados (de Lucy) para dizer que estaria disposto a analisar as provas para ver se havia ou não um problema com elas. E, se houvesse, então eu estaria disposto a convocar um painel com autoridade. Porque isso não é mais apenas um médico se levantando para dizer que Lucy Letby foi injustamente acusada, este é o painel de 14 dos maiores especialistas do mundo. Se você não acredita neles, em quem você vai acreditar?"

Lucy – condenada por sete assassinatos e sete tentativas de assassinato de bebês sob seus cuidados – sempre insistiu que é inocente. Mas as provas pareceram contundentes quando os jurados do seu julgamento de 2023 viram um gráfico de 25 mortes e colapsos inesperados de bebês na unidade neonatal do hospital em Chester.

Ela estava lá durante todos os incidentes e testemunhas disseram que a viram sobre os bebês pouco antes de eles desmaiarem e os alarmes dispararem, inclusive quando ela não tinha sido diretamente encarregada de cuidar deles.

A polícia também encontrou bilhetes rabiscados na casa da enfermeira, incluindo "Eu sou má, fiz isso" e "Eu os matei de propósito porque não sou boa o suficiente para cuidar deles e sou uma pessoa horrível e má".

Mas fontes disseram que ela escreveu as notas - incluindo também "Eu não fiz nada de errado" – a conselho de um terapeuta para ajudá-la a lidar com o estresse extremo depois que ela for apontada como suspeita.

A defesa alega, ainda, que o júri não foi informado sobre seis outras mortes – na mesma época dos supostos assassinatos em 2015 e 2016 – pelas quais ela nunca foi acusada. Esses óbitos foram omitidos do gráfico mostrado no tribunal.

Segundo a acusação, Lucy teria usado vários métodos para matar os bebês enquanto estava de plantão, incluindo a injeção de ar na corrente sanguínea dos bebês para causar embolias que bloquearam o suprimento de sangue e causaram colapsos repentinos e inesperados.

Entretanto Lee disse que o depoimento de especialistas sobre isso — incluindo como erupções cutâneas nos bebês apontavam para embolias — não tinha "nenhuma base em provas". O painel de especialistas concluiu que um bebê morreu de trombose enquanto outro morreu de sepse.

Infecção e "parto traumático" foram as causas das mortes de outros bebês, disseram os especialistas. E não havia "nenhuma prova" de que outro morreu após ter seu tubo de oxigênio desalojado — outro método que a enfermeira foi acusada de usar.

fonte:https://extra.globo.com/

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