Progresso da ditadura de Kim Jong-un em atividades nucleares se tornou uma grande preocupação para rivais e vizinhos

Em uma rara iniciativa de transparência controlada, a Coreia do Norte divulgou em setembro do ano passado imagens internas de uma instalação de enriquecimento de urânio.
As fotos, divulgadas pelo jornal Rodong Sinmun e pela agência estatal KCNA, mostram Kim Jong-un inspecionando fileiras de centrífugas metálicas, em um local não identificado, mas que analistas acreditam ser a planta de Kangson, nos arredores de Pyongyang.
A decisão de revelar o interior da instalação parece ter múltiplos objetivos, segundo especialistas em defesa ouvidos pelo R7: demonstrar avanços técnicos, consolidar a doutrina de dissuasão do regime e enviar uma mensagem estratégica tanto para aliados quanto para adversários.
Do ponto de vista técnico, porém, as imagens indicam mais do que simbolismo: sugerem uma evolução significativa na infraestrutura de enriquecimento de urânio da Coreia do Norte.
Como funcionam as instalações?
O processo de enriquecimento de urânio é voltado para a separação do isótopo físsil U-235 do mais abundante U-238. Como esses isótopos são quimicamente idênticos, a separação depende de pequenas diferenças de massa — uma tarefa extremamente complexa do ponto de vista físico.
A Coreia do Norte utiliza centrífugas de gás, onde o gás hexafluoreto de urânio (UF₆) é girado em alta velocidade. Durante esse processo, o isótopo mais pesado (U-238) se move para a borda do cilindro, enquanto o U-235, mais leve, concentra-se no centro.
Embora as imagens das centrífugas tenham sido divulgadas apenas no ano passado, a existência do programa de enriquecimento de urânio é conhecida desde 1998, quando o cientista paquistanês AQ Khan, conhecido por ser o precursor dos estudos nucleares de seu país, enviou sistemas de centrífugas a Kim Jong-il, então líder da Coreia do Norte.
As máquinas recebidas do Paquistão eram de alumínio bruto e aço maraging, um material de alta resistência e tenacidade, explica o membro do SIPRI (Stockholm International Peace Research Institute) e mestre em engenharia nuclear Robert Kelley.
“Os norte-coreanos adicionaram pelo menos dois novos edifícios, o que mais do que dobrou o número de máquinas. Eles não são ingênuos. O Paquistão já usava fibra de carbono em 1998, e os coreanos certamente migraram para uma tecnologia melhor e mais fácil”, afirma Kelley.
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