Cantora faz planos a longo prazo com a namorada e pretende engravidar: 'Congelei óvulos'
Por Leonardo Ribeiro — Rio de Janeiro
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Foto: Ernna Cost
— Eu sou esotérica e adoro. Escolhi regravar “Escrito nas estrelas” porque cresci ouvindo, era a música de casamento dos meus pais. Ao lançá-la, falo até na gravação: “Com essa, eu sinto um trem diferente”. Já carregava mesmo uma boa sensação, mas confesso que até hoje os números me surpreendem muito. A gente trabalha a vida toda para sentir algo parecido e quando vem... Jamais imaginei o sucesso que ela teria, e que quebraria bolhas, alcançando pessoas de todas as idades.
Mais do que uma influência familiar, a regravação também faz parte de um projeto xodó da cantora, que consequentemente ganhou mais sucesso: “Raiz”. Nele, a goiana regrava vários outros hits, majoritariamente do sertanejo. Alguns desses pot-pourri (diversos trechos de músicas cantados em sequência) são até acompanhados de grandes estrelas. Uma nova edição, gravada em Belo Horizonte no mês passado, vai virar DVD. Por lá, Lauana cantou com Zezé Di Camargo e Roberta Miranda, só para citar alguns.
— Eu sempre quis integrar gerações, é importante valorizar essa riqueza do nosso passado. E acho legal também ser uma mulher cantando esses clássicos. Felizmente, fui apadrinhada e amadrinhada por muitos artistas que têm me permitido mostrar minha versatilidade. Brinco que ando “fingindo costume”, mas sempre me choco por estar ao lado de ídolos. Zélia Duncan me autorizou a regravar “Catedral”. Isso é emblemático. Ensaiei hoje com Lenine. Sou alucinada por ele — diz a artista, que deu esta entrevista para a Canal Extra no dia 3 de junho, véspera do Prêmio da Música Brasileira, onde cantou com o pernambucano.
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Lauana Prado em show no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, — Foto: Divulgação
Para as fotos da reportagem, a musa das supercoxas topou fazer um ensaio inspirado no filme “Instinto selvagem”, que tem a cruzada de pernas mais famosa do cinema, protagonizada por Sharon Stone. A cadeira está no cenário, o figurino todo branco também, mas, claro, aqui entram as botas no lugar do scarpin, o chapéu emoldurando cabelos longos em vez de um coque comportado... E, diferentemente do longa-metragem, ela não passa por um interrogatório, embora “confesse” intimidades num papo amigável por vídeo chamada.
A cantora de timbre grave e marcante — apresentada ao país como participante do “The voice Brasil”, em 2012, quando ainda assinava como o primeiro nome, Mayara — hoje, 13 anos mais tarde, passou a ter ainda mais “voz” no sertanejo após se revelar bissexual. Em seus shows, inclusive, há momentos em que ela brinca: “Essa vai para todos os meus e minhas ex”.
— Sempre fui honesta comigo e nas minhas relações, tanto com homens, quanto com mulheres. Mas passei por um processo demorado até me entender bissexual. Querendo ou não, eu estou inserida num meio conservador, machista. Só que eu vivi experiências que me deram bagagem para eu conseguir olhar para dentro e me fizeram entender como eu iria trazer isso para a minha arte. Quanto mais foi ficando natural para mim, isso passou a fazer parte das canções, do meu comportamento como intérprete... Mas nunca foi militância por militância — reflete a goiana, que decidiu colocar a música à frente de seus movimentos pessoais: — Tive que conduzir isso da maneira mais inteligente possível. Eu busco entregar músicas de qualidade, que façam a diferença na vida das pessoas... Só depois entra a Lauana bissexual, a que tem um posicionamento político bem diferente do conservador, a pessoa que tem tatuagem, um estilo assim, assado. Acho que deu certo, as pessoas entenderam. Atualmente, transito muito bem, graças a Deus, em diferentes ambientes.
Esse discurso não significa, no entanto, que a cantora não tenha sofrido preconceito no meio profissional. Um dos casos partiu até de um antigo ídolo, cuja identidade ela prefere não revelar.
— Uma situação num camarim me traumatizou. Eu estava com alguns artistas, e um deles, de quem eu era muito fã, estava bêbado. Tentou me beijar e dizia que não era possível eu querer namorar uma mulher. Isso aconteceu há alguns anos, mas é aquela história de “não conheça seus ídolos”. Foi constrangedor, mas eu soube lidar com maturidade. Me marcou esse assédio, mas tento ver hoje como algo que me ajudou na minha construção enquanto artista. Na época que ocorreu, era tudo mais velado.
A sexualidade de Lauana também virou pauta entre os empresários e as gravadoras, que ficaram com um pé atrás.
— Quando tive minha primeira namorada e quis falar sobre isso, eu já estava inserida no meio artístico. Tinha um “e se não contratarem mais seus shows?” no ar. Mas eu não queria expor minha sexualidade para virar o assunto do momento. Tinha a ver com ser honesta comigo mesma e com quem me acompanha. Não queria mascarar um estilo de vida. O empoderamento também passa por aí, de uma mulher independente, que banca as escolhas batalhando pela carreira. Por isso, eu disse: “Vou pagar o preço”. A sociedade precisa caminhar — afirma ela no Mês do Orgulho LGBTQIA+.
No meio, acabou encontrando apoio de quem precisou, por muito tempo, sofrer calada, como foi o caso de Roberta Miranda, que também revelou recentemente ser bissexual.
— A gente se adora, vamos uma na casa da outra e falamos sobre tudo. Tenho o privilégio de dizer que temos uma relação afetuosa. Aprendo muito com ela em todas as nossas trocas. Ela veio para ser uma precursora em muitas questões que estamos vivendo hoje.
A aceitação entre os fãs e os contratantes foi melhor do que Lauana imaginava. O relacionamento, com a influenciadora Verônica Schulz, que motivou todas essas mudanças, chegou ao fim em dezembro de 2023. Em junho do ano seguinte, a cantora assumiu o namoro com a chef de cozinha e ex-participante do “De férias com ex” Tati Dias. Recentemente, celebraram o primeiro ano juntas com várias fotos apaixonadas na web.
— Só de viver a minha vida, mostrar meu cotidiano, já passo a mensagem de que na prática somos todos iguais. Estamos construindo nossa família como qualquer casal. Sei que ajuda outras famílias a se desarmarem e a acolherem membros da comunidade (LGBTQIA+). Nos meus shows mesmo, vejo de tudo. Tem desde o cabeça branca de chapéu e fivela a drag queens. Isso é valioso.
Embora tenha só um ano de namoro, a artista não esconde que faz planos a longo prazo com Tati. A convivência com o enteado, Bento, de 3 anos de idade, despertou o desejo nela de engravidar também.
— Tenho muita vontade, é um projeto de vida. Até já congelei alguns embriões. O Bento pede um irmãozinho. E já me sinto mãe dele mesmo sem ter parido. A gente é tão parecido em algumas coisas, que até me pergunto “como é que pode?”. É a convivência. Porque eu dou banho, comida, levo para passear... Já é amor de mãe — derrete-se ela, que também sonha com um casamento: — Por enquanto, eu moro na minha casa e Tati mora na dela. Ficamos juntas sempre que possível. E ambas amam essa ideia de construir uma família. Estamos numa fase ótima, fazendo com que as distâncias sejam cada vez menores.
Quando não está viajando a trabalho pelo Brasil, é em Sorocaba, no interior de São Paulo, que hoje a cantora se refugia para descansar. Tem dado duro para ter a carreira que sempre sonhou, mas também para ter as pausas necessárias.
— A gente percorre distâncias muito grandes para atender todo o país e é claro que isso suga uma energia. Então, a gente se organiza. Agora, que é época de São João, temos um pico de shows, graças a Deus. Mas peço apresentações mais espaçadas e momentos para descansar depois. Tanto emocionalmente, como vocalmente. Não uso playback nos shows, então preciso me preservar. E amo fazer isso na minha casa, conectada com a natureza, curtindo momentos com minha família, tendo uma boa noite de sono, fazendo algum exercício...
O gosto por malhar, aliás, foi o que lhe rendeu suas “supercoxas”.
— Eu achei essa história engraçado, levo numa boa o apelido. Ainda mais que eu sempre gostei de fazer atividade física. Se eu não tivesse ido para o lado da música, teria virado atleta. E é muito legal ser referência para algo voltado para a saúde, influenciando as pessoas positivamente, né? — diz Lauana, que até viu aí uma oportunidade: — Passei a investir em produtos no ramo fitness e de bodybuilding (fisiculturismo). Agora, não posso deixar de malhar um dia, estou carregando uma responsabilidade (risos).
Equipe
Texto: Leonardo Ribeiro. Fotos: Ernna Cost @ernnacost. Styling: Erick Maia @erickmaia Beleza: Lucas Lins @lucaslinsmakeup
fonte:https://extra.globo.com/
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