segunda-feira, 14 de abril de 2025

Professora perde o emprego por chamar estudante pelo nome preferido 

Esta é a primeira demissão conhecida resultante da campanha para impedir o reconhecimento de identidades de gênero alternativas nos EUA 

Por Fernando Moreira


Foto: Reprodução/LinkedIn

Uma professora de ensino médio da Flórida (EUA) perdeu o emprego após chamar um estudante por nome alternativo sem a permissão dos pais, gerando uma reação negativa na comunidade local, berço conservador do movimento Moms for Liberty, organização política americana contrária a currículos escolares que mencionam os direitos LGBTQ, raça e etnia, teoria racial crítica e discriminação.

Esta é a primeira dispensa conhecida resultante da campanha para impedir o reconhecimento de identidades de gênero alternativas — uma política pilotada pelo estado do Sul dos EUA que se espalhou para outros estados republicanos e agora foi adotada pelo governo Donald Trump.

Melissa Calhoun lecionava Literatura na Satellite High School, no condado de Brevard, havia 11 anos quando se deparou com uma regra estadual que proíbe funcionários da escola de usar nomes alternativos sem a permissão por escrito dos pais. A regra se aplica a alunos que escolhem um nome alternativo devido a uma mudança na identidade de gênero, bem como àqueles que desejam usar um apelido.

Neste caso, Melissa estava respeitando a vontade de um aluno cujo nome legal é associado a meninas, mas que se identifica como menino e que pedira para ser chamado por um nome que não consta do seu documento de identidade.

Um dos pais do aluno reclamou ao distrito escolar, que investigou o assunto. A professora admitiu ter usado intencionalmente um nome alternativo sem permissão, afirmou a porta-voz do distrito, Janet Murnaghan. Isso "viola diretamente a lei estadual" e os procedimentos do distrito, afirmou ela.

A professora recebeu uma carta de repreensão e foi informada na semana passada que o seu contrato anual, que expira em maio, não será renovado, embora ela vá concluir o ano letivo, que termina no meio do ano.

"Professores, como todos os trabalhadores, têm que respeitar as leis", destacou Janet, de acordo com o site "MSN.com".

O caso provocou reação imediata de moradores da região e de organizações civis.

Mais de 17,5 mil pessoas já assinaram uma petição on-line solicitando a reintegração de Melissa. Alunos realizaram "greve" na tarde de quinta-feira (10/4) em apoio à professora. Embora o assunto não fizesse na pauta da reunião do conselho escolar desta semana, vários membros da comunidade se manifestaram em seu nome durante um período de comentários públicos.

"Não houve dano, nenhuma ameaça à segurança, nenhuma intenção maliciosa. Apenas uma professora tentando se conectar com um aluno. E por isso seu contrato não foi renovado, apesar de sua forte dedicação e anos de serviço", disse Kristine Staniec, especialista em mídia da Satellite High School, ao conselho, cujos filhos foram alunos de Melissa.

fonte:https://extra.globo.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário