sexta-feira, 30 de maio de 2025

'No meu país, assassinato é normal', diz condenado por ter encomendado a morte de sobrinha


Foto: Reprodução

Iraquiano defendeu a modalidade de 'crime de honra', mas rechaçou a acusação de ter permitido o estupro da vítima 

Por Fernando Moreira

Um homem que cumpre prisão perpétua por ordenar o assassinato de sobrinha num "crime de honra" está processando a ITV sob a alegação de que um documentário da emissora afirma que ele também permitiu o estupro da vítima. O iraquiano Ari Mahmod rompeu o silêncio sobre o crime ocorrido em janeiro de 2006 e afirmou que, na sua cultura, os "crimes de honra" são aceitáveis, mas as acusações de estupro destruíram a sua reputação.

"No meu país, assassinato é normal. Depois de cumprir pena, você tem uma nova oportunidade", disse ele, falando por videoconferência da prisão de Whitemoor, em Cambridgeshire (Inglaterra), no início deste mês, de acordo com o "Sun". "Na minha cultura, a principal reação contra mim foi a acusação de estupro", reclamou o iraquiano, de 69 anos.

O crime ocorreu depois que Banaz Mahmod, que tinha 20 anos, decidiu abandonar um casamento arranjado pela família, alegando que sofria abusos do marido.

Segundo o condenado, a reportagem da ITV, de forma equivocada, "não deixou dúvida de que o estupro se deu com a bênção de Ari".

"Na comunidade islâmica, o estupro é tabu, é o nível mais alto de crime", protestou ele, negando qualquer autorização para crime sexual contra a sobrinha.

Banaz fugiu do casamento, celebrado quando ela tinha 17 anos, após ser estuprada e espancada continuamente pelo marido, que era dez anos mais velho que ela. A jovem voltou a morar na casa da família, no sul de Londres (Inglaterra), e então se apaixonou por um homem curdo, Rahmat Suleimani, o que não foi bem visto pelos parentes

Nos meses que antecederam o seu desaparecimento, Banaz relatou à polícia cinco vezes que sua família a queria morta, mas nenhuma ação foi tomada.

Ela foi considerada culpada de ter trazido "vergonha" à família. O pai e tio tramaram, de acordo com a Justiça, um plano maligno para matá-la da forma mais selvagem possível, a fim de restaurar a sua "honra" e a sua "reputação" na comunidade iraquiana.

O crime foi brutal. Banaz sofreu violência sexual antes de ser estrangulada até a morte na casa da família em janeiro de 2006. O seu corpo foi então posto numa mala e levado para Birmingham, onde foi enterrado no jardim de uma casa abandonada.

Após a descoberta do corpo, o pai, o tio e outros parentes e familiares de Banaz foram acusados ​​de assassinato ou de conspiração.

Ari passará ao menos 23 anos atrás das grades. Depois desse tempo, ele estará elegível ao benefício da liberdade condicional.

Em 2007, após julgamento de três meses, o pai de Banaz foi condenado a pelo menos 20 anos de prisão. Seu primo Mohamad Hama também admitiu o assassinato e foi condenado a pelo menos 17 anos de prisão.

Três anos depois, os primos de Banaz, Omar Hussain e Mohamad Saleh Ali, coautores do assassinato, foram extraditados do Iraque e condenados à prisão perpétua, com penas mínimas de 22 e 21 anos de prisão, respectivamente, após serem considerados culpados de assassinato.

fonte:https://extra.globo.com/

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